Como se fosse um sonho, ou melhor, um pesadelo, visto que dormimos em um mundo e acordamos em outro - que de encantado nada tem - quase que em um piscar de olhos, a humanidade se viu de joelhos diante de um vírus.
E aí, como explicar a uma criança que, embora ela tenha sido boazinha e se comportado bem, o Papai Noel não poderá visitá-la devido à COVID-19?... Teria o coronavírus atingido também a família encantada do "Bom Velhinho"?... E a magia que é passada de geração para geração como fica?
Acolher os sonhos e perceber as dores, pesadelos e frustrações das crianças é papel dos adultos. As crianças são seres em formação que nem sempre sabem comunicar como e por que sofrem. Mas é fácil perceber quando elas estão bem, felizes, tristes ou incomodadas com alguma coisa, visto que são transparentes.
Nossas crianças já estão pagando um preço muito alto pelo que ainda não podem ser responsabilizadas. Mas, infelizmente, o mundo dos adultos invadiu as esferas infantis, obrigando esses pequenos a compreender o porquê de não poderem ir à escola, nem a lugar nenhum.
Antes, nos dias que não havia aulas, os pais podiam levar seus filhos para passear nos shoppings, ir ao parque, à praia, ao cinema, ao teatro, etc. E, de repente, até isso de certa forma está proibido. Sem contar que, quando não tem outro jeito e os pequenos têm que acompanhar seus pais durante as saídas, são obrigados a usar as incômodas - mas necessárias - máscaras. Além do uso constante de álcool em gel.
O novo cornavírus está presente com força no imaginário infantil e frequentemente aparece nos desenhos que esses artistas mirins criam, no lugar dos monstros que antes apareciam debaixo da cama e até no lugar do famoso Bicho Papão.
Nesta quarentena, as crianças que não têm irmãozinhos, mas que têm algum bichinho de estimação, ainda conseguem fugir desse clima de cadeia conversando com cachorros, gatos, passarinhos, etc. A imaginação delas é muito fértil. Minha filha de 8 anos, quando não está assistindo às rotineiras videoaulas, ocupa seu tempo com joguinhos de celular, penteando e trocando as bonecas ou brincando de "bater no bumbum do papai". Brincadeira esta que lhe faz lembrar que ainda é uma criança, além de arrancar boas gargalhadas de todos.
Embora nem todas estejam vivendo a quarentena do mesmo jeito, o fato é que todas estão longe das escolas, dos amigos, primos, avós, e das atividades tão necessárias para um desenvolvimento saudável. Mas, e agora, com a proximidade do Natal, as crianças ficarão também longe do Papai Noel que elas esperaram tanto para chegar?
Certamente, nas cartinhas que o "Bom Velhinho" recebe todos os anos, muitos pedidos de brinquedos darão lugar ao pedido de uma vacina que possa libertar nossos preciosos "passarinhos de suas gaiolas".
Para que os pais possam proporcionar aos seus pequenos um Natal especial e com segurança, adotaremos algumas medidas para este ano, que serão praticadas pelo Papai Noel e também por seus ajudantes durante as visitas. Entre elas, estão o uso de máscaras combinando com os figurinos, utilização de mais de um par das tradicionais luvas brancas, higienização dos presentes antes de serem colocados no saco e também o uso de álcool em gel. Além, evidentemente, de um treinamento para que esses personagens possam responder de uma forma lúdica aos questionamentos que, naturalmente, as crianças devem fazer.
Enfim, talvez seja interessante nesta data tão especial que é o Natal, deixar a criança viver ainda que por instantes em um mundo mágico e de fantasias, sem ter que dar a ela as respostas sobre todas as coisas do mundo real. Mesmo porque, muitas dessas perguntas não são só das crianças, mas também dos adultos.
E que nossas crianças continuem escrevendo suas cartinhas, colocando suas meias e sapatos nas janelas, fazendo desenhos de arco-íris como aqueles que ganharam as manchetes do mundo no início da pandemia e, claro, fazendo uso das já conhecidas máscaras. Como bem disse minha filha, "As máscaras cobrem nossos sorrisos hoje para que possamos sorrir amanhã". E que venha mais um Natal Feliz!
